quarta-feira, 23 de maio de 2012

Memórias com música dentro


    Diane Mannion, Street Music
     De manhã, ainda cedinho, gostava de descer pela ladeira que me levava diretamente ao largo da Meia Laranja, antecipando o prazer dos minutos que iria ali passar.
    No fresquinho da manhã, algumas pessoas ocupavam já as cadeiras das esplanadas e os bancos do jardim, debaixo das árvores.
    O silêncio apenas era quebrado pelo músico do dia.
    Podia ser um homem que já passara a meia-idade vestido à anos 60 de sapatos brancos de biqueira preta, a tocar saxofone ou um jovem estrangeiro que tinha um sorriso tão lindo como os maravilhosos sons que extraía da guitarra elétrica.
    As pessoas quedavam-se estáticas e silenciosas a ouvi-los.
Na frescura e silêncio da manhã, naquele grande largo, a música difundia-se sem barreiras e ficava a pairar entre nós e o azul do céu, penetrando-me nota a nota, lavando-me a alma e transmitindo-me um tal estado de leveza que o meu pensamento vagueava sem destino.
    Quando começava assim o dia, tudo me parecia mais simples e até as pequenas contrariedades deixavam de ter importância.
    Era com se me carregasse de uma porção extra de otimismo e bem-estar.

Maria Herculana         
Verão de 2002

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Dia da Espiga


Hoje fomos a Alcoutim. Embora sem estar programado, já que o objectivo do passeio era outro, cumprimos a tradição de passear no campo e apanhar flores. 
Sem esquecer os outros elementos do ramo, pelo seu grande simbolismo - o pão e a paz - aqui vos deixamos flores - a alegria. E destas, escolhemos as papoilas vermelhas, símbolos de vida e amor.

domingo, 13 de maio de 2012

Dos nossos associados

Foto:MG

    Naquela tarde, displicentemente, aproximou-se da janela para, mais uma vez, apreciar o deslumbramento do pôr-do-sol, único, irrepetível, surreal por vezes, de cores inimagináveis sempre.
    Ao fundo, uma linha sobre a ilha, rente à ilha, a quase todo o comprimento da ilha - uma ligeira fímbria de sol, rubro, fornalha acesa que quase se sentia crepitar, duma cor tão forte que se diria irreal.
    Toda a ria tingida da cor sangue – um desmedido sacrifício oferecido aos deuses como gratidão por toda aquela beleza.
    No céu azul, à esquerda, começavam as nuvens a encastelar-se caprichosamente - eram montanhas de algodão, cor de fogo e cinza duma ponta à outra do céu, mais volumosas, cada vez mais volumosas, largando fiapos, rastos de pequenos fiapos e, finalmente, carneirinhos avermelhados cobrindo o resto do céu muito azul que ia, aos poucos, desmaiando até ficar líquido, translúcido, quase branco.
    O conjunto era de uma esmagadora harmonia, de uma beleza tão perfeita, tão avassaladora, que gostaria de poder guardar para sempre esta imagem. Além de fugaz, não haveria uma segunda oportunidade de se maravilhar com ela.

Maria Herculana
Faro, 06/04/2012



domingo, 6 de maio de 2012

Dia da Mãe




SÓ POR ISSO, MÃE


Mesmo que a noite esteja escura,
Ou por isso,
Quero acender a minha estrela.


Mesmo que o mar esteja morto,
Ou por isso,
Quero enfunar a minha vela.


Mesmo que a vida esteja nua,
Ou por isso,
Quero vestir-lhe o meu poema.


Só porque tu existes,
Vale a pena!


Lopes Morgado, Mulher Mãe

sábado, 5 de maio de 2012

1º de Maio no mundo

    A propósito das recentes comemorações do 1ª de Maio, um conjunto de imagens que fazem parte de uma panorâmica mundial apresentada pela revista Visão
As fotografias de Portugal são de A. Vilarigues.


   Em Cuba, Nova Iorque, Indonésia e Paquistão.

Em Portugal, Suiça e Venezuela

                                            No Brasil, Índia, Japão e Espanha.



    Para refrescar a memória e ver como tudo começou com a luta pelas oito horas, em Chicago, é interessante ver a  página pedagógica dedicada ao tema:                          http://www.junior.te.pt/servlets/Bairro?ID=677&P=Sabias
  

1º de maio - curiosidades


   Em França, há o costume  de oferecer um raminho de "muguet", no 1º de Maio, uma forma de mostrar  afecto aos amigos e familiares. 

  Este costume é muito antigo, uma vez que parece ter sido iniciado por Carlos IX, no Renascimento.
   Com o início das celebrações do 1º de Maio, o lírio-do-vale também passou a estar muito ligado ao Dia dos Trabalhadores.
   O lírio-do-vale, que em algumas regiões portuguesas é conhecido com o nome de lágrimas de Nossa Senhora, é uma delicada e odorífera florinha branca que   marca o início da Primavera.
   Com interesse para a perfumaria e também como erva medicinal,  o "muguet" é tóxico, como acontece geralmente neste tipo de plantas.
O que não deixa de ser uma ironia por se tratar de uma flor que é um símbolo de felicidade (porte-bonheur)!