sexta-feira, 25 de abril de 2014

O 25 de ABRIL, HOJE





                                                                     VINTE E CINCO DE ABRIL


     Este é um poema
            com saudade da festa
     Dias de vermelho
           de damasco e de riso
          Das horas de alegria

                                 e de bandeiras,
                                
                                  de cravos rubros postos no vestido
     Este é um poema

   feito de memória
         De pressa incontida

   no passo corrido
   De fala crescida
   
    de prisões abertas
    De escrita liberta
      
    retomando o sentido
                         Este é um poema recordando
              
     a mudança, da esperança
              
e do sonho acontecido

Com palavras
                 do corpo e de lembrança
    Exigindo o futuro
          a promessa e o grito
     Este é um poema
          cantando a liberdade
               De lágrimas costuradas

        suturando o sorriso
                          Ousando dizer da ambiguidade

             da estranheza do novo
       misturado ao antigo
    Este é um poema
    
    torneando o avesso
          Da luz da madrugada
        de uma noz de vidro
         Do voo das gaivotas
     
       junto à pele das águas

                            fazendo do Tejo o seu precipício

     Este é um poema 

      de visitar a História
           Da revolução o ganho

        e também o perdido
         Da viagem e do mar
          da língua portuguesa

                                  onde na paixão me encontro comigo


                          Maria Teresa Horta, 22/04/14


segunda-feira, 14 de abril de 2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

90º Aniversário de Sebastião da Gama




Nasceu, há precisamente noventa anos, Sebastião da Gama.

A assinalar a data do nascimento do poeta e grande pedagogo aqui fica um dos seus mais conhecidos poemas e a evocação da sua vivência enquanto professor.
MJR

O Sonho

Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

─ Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama. Pelo sonho é que vamos, Lisboa, Ed. Ática, 1992, pp. 59



Quando pesquisava informação para este pequeno texto, encontrei-me  com o feliz blogue NESTA HORA, de João Reis Ribeiro (que me apresso a citar http://nestahora.blogspot.pt/2014/01/no-dia-em-que-o-diario-de-sebastiao-da.html) e do qual tomei a liberdade de transcrever uma passagem publicada no passado dia 11 de janeiro:


“O dia de hoje é um bom pretexto para a leitura da página que, há 65 anos, Sebastião da Gama escreveu, num gesto inaugural do seu Diário. Estava-se em 11 de Janeiro de 1949. A obra, que só foi publicada em 1958, constitui um dos mais interessantes documentos testemunhais sobre a prática pedagógica. É um modelo, é uma obra de arte. Que a leitura do registo do primeiro dia seja o ponto de partida para a entrada na obra!”

http://nestahora.blogspot.pt/2014/01/no-dia-em-que-o-diario-de-sebastiao-da.html
MJR


Visita a Mértola



 Quando chegamos a Mértola, entramos num museu que extravasa os Núcleos Visigótico, Romano e Islâmico, detentor de uma das melhores coleções  existentes no nosso país.
Se os núcleos museológicos primam pela qualidade das peças expostas, a preocupação estética  com a forma de as exibir não foi deixada ao acaso.


















Mas a arqueologia em Mértola transborda para as escavações realizadas e que prosseguem, para a Igreja Matriz adaptada de uma Mesquita Árabe, para o Castelo que se ergue altaneiro sobre o Guadiana.



Olhá-lo, lembra-nos a importância desta terra cuja 
ocupação vem da pré-história. Por aqui passaram os povos mais díspares: Fenícios, Cartagineses, Suevos, Visigodos, Romanos, Muçulmanos, quando foi reino independente por duas vezes (Taifa de Mértola I e II)  passando, finalmente, para a posse dos cristãos com a reconquista cristã da Península.
A grande importância desta povoação vinha-lhe do porto fluvial do Guadiana, grande entreposto comercial e de escoamento do minério das Minas de São Domingos. A sua decadência sobreveio com os descobrimentos.



Presentemente, Mértola é uma terra acolhedora: casas de alvura alentejana, ruas inclinadas e tortuosas de calcetamento antigo, uma limpeza escrupulosa.
Depois de calcorrearmos a vila, o saboroso cozido de grão na Casa Amarela, seguido de música, a maravilhosa música alentejana, que ouvimos confortavelmente sentados na esplanada debruçada sobre o Guadiana. 



 


 O convívio proporcionou momentos de alegre partilha.



 A Rosinda ainda ajudou à festa e foi ajudar os músicos.



No regresso, complementando a boa disposição que sentimos em todo o passeio, uma surpresa:

O desvio por Espanha proporcionou-nos o lanche num hotel – chá e “coca”, o bolo tradicional da Páscoa andaluza.



A nossa Associação sabe como nos adoçar a boca!!!!



Maria Herculana
Março de 2014